sábado, 19 de abril de 2014

Começa o campeonato mais emocionante e mais bagunçado do mundo

Começou. Começou e vem carregado de emoções. Será? Quais?
Nunca neguei que sou fã e adepto do tipo de campeonato em que os times são divididos em grupos, vão para o mata-mata, fazem de tudo para conseguir uma vaga na fase seguinte e, ao final, dois decidem diretamente quem é o melhor. Por mais que digam que os pontos corridos também trazem emoção, o estilo Copa do Mundo é bem melhor.
Mas, não é sobre isso que quero falar. É sobre o momento atual do futebol brasileiro. Depois de três meses e meio de campeonatos regionais (que perderam a graça e foram transformados em meros certames-treino), é hora da bola sentir a dividida, do juiz segurar firme o apito, do bandeirinha não titubear no lance, do zagueiro não ficar no meio do caminho, do atacante não perde a chance de ouro. Mas, para isso, a bola vai ter que rolar.
Desde quando o Campeonato Brasileiro 2013 terminou, começou uma confusão sem fim. O Cruzeiro festejava o título – merecido, por sinal – e Fluminense, Portuguesa e Flamengo entravam em uma briga fora das quadras linhas, dentro do campo judicial. A Lusa e o Rubro-Negro tiveram pontuação suficiente para se manter na elite, mas, escalações erradas tiraram pontos das duas equipes. Na nova configuração, Portuguesa descia para a Série B e o Fluminense – rebaixado pela quarta vez – voltava à elite. Foram meses e meses de liminares e ordens judiciais. A Confederação Brasileira de Futebol, como grande concentradora de forças do futebol brasileiro, só pensou em uma coisa: exercer o seu poder, sem analisar a fundo a questão. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva foi o pilar da CBF. E os dois organismos só tumultuaram o já desgastado ambiente.
Chega 2014, ano de Copa do Mundo de Seleções a ser realizada no Brasil. E o que temos aqui para recepcionar os países que irão participar da maior competição esportiva do mundo  é uma incógnita recoberta de incompetência. A Portuguesa parecia ciente do seu destino, mas tente convencer os torcedores. É! As liminares não são apenas de dirigentes e clubes. Vale lembrar que algumas das primeiras ações foram movidas por torcedores embriagados pelo desejo de ver seu time jogar na primeira divisão.
Nada do que falei é novidade. Mas, rodeei tanto para chegar em alguns questionamentos:

1.       Como um país que se diz o “país do futebol” passa por uma situação desse jeito, sem conseguir dar cabo à situação?
2.       Como dar credibilidade a uma instituição arcaica, onde velhas raposas do futebol movem as peças do jeito que bem entendem?
3.       Será que nunca observaram que isso aconteceu outras vezes e só sujou o futebol brasileiro e criou atrito em clubes – vide Flamengo-RJ s Sport-PE pelo campeonato de 1987, Flamengo-RJ e São Paulo na briga pela Taça das Bolinhas?
4.       Será que não percebem que isso vai continuar acontecendo enquanto não se profissionalizar todos os envolvidos no futebol e informatizar todos os mecanismos do esporte?
5.       Quando vão sentar e estudar social, jurídico e economicamente o futebol? Até quando ele vai ser encarado como um esporte apenas de diversão e lucratividade em que, só ganham, os empresários, presidentes de clubes e dirigentes mal-intencionados?

Sobre as reações surgidas nos últimos tempos: será que o Bom Senso Futebol Clube vai seguir firme e forte? Será que não criaram uma maneira mais efetiva de defender os direitos do torcedor? Sim, porque o Estatuto dirigido ao público ainda é uma utopia em muitos pontos (quase todos).
Enfim, o Campeonato Brasileiro começou com gosto de vômito, amargo, indesejável e intragável. Se, ao final, terá gosto doce, prazeroso, de fazer deliciar (não só o campeão, mas a todos os clubes e envolvidos), ninguém sabe. Mas muitos podem fazer seguir nesse rumo. O certo é que, do jeito que está, não pode ficar. Ou vai virar piada de português.

Nenhum comentário:

Postar um comentário