Começou. Começou e vem carregado de emoções. Será? Quais?
Nunca neguei que sou fã e adepto do tipo de campeonato em
que os times são divididos em grupos, vão para o mata-mata, fazem de tudo para
conseguir uma vaga na fase seguinte e, ao final, dois decidem diretamente quem
é o melhor. Por mais que digam que os pontos corridos também trazem emoção, o
estilo Copa do Mundo é bem melhor.
Mas, não é sobre isso que quero falar. É sobre o momento
atual do futebol brasileiro. Depois de três meses e meio de campeonatos
regionais (que perderam a graça e foram transformados em meros
certames-treino), é hora da bola sentir a dividida, do juiz segurar firme o
apito, do bandeirinha não titubear no lance, do zagueiro não ficar no meio do
caminho, do atacante não perde a chance de ouro. Mas, para isso, a bola vai ter
que rolar.
Desde quando o Campeonato Brasileiro 2013 terminou,
começou uma confusão sem fim. O Cruzeiro festejava o título – merecido, por
sinal – e Fluminense, Portuguesa e Flamengo entravam em uma briga fora das
quadras linhas, dentro do campo judicial. A Lusa e o Rubro-Negro tiveram
pontuação suficiente para se manter na elite, mas, escalações erradas tiraram
pontos das duas equipes. Na nova configuração, Portuguesa descia para a Série B
e o Fluminense – rebaixado pela quarta vez – voltava à elite. Foram meses e
meses de liminares e ordens judiciais. A Confederação Brasileira de Futebol,
como grande concentradora de forças do futebol brasileiro, só pensou em uma
coisa: exercer o seu poder, sem analisar a fundo a questão. O Superior Tribunal
de Justiça Desportiva foi o pilar da CBF. E os dois organismos só tumultuaram o
já desgastado ambiente.
Chega 2014, ano de Copa do Mundo de Seleções a ser realizada
no Brasil. E o que temos aqui para recepcionar os países que irão participar da
maior competição esportiva do mundo é
uma incógnita recoberta de incompetência. A Portuguesa parecia ciente do seu
destino, mas tente convencer os torcedores. É! As liminares não são apenas de
dirigentes e clubes. Vale lembrar que algumas das primeiras ações foram movidas
por torcedores embriagados pelo desejo de ver seu time jogar na primeira
divisão.
Nada do que falei é novidade. Mas, rodeei tanto para
chegar em alguns questionamentos:
1. Como
um país que se diz o “país do futebol” passa por uma situação desse jeito, sem
conseguir dar cabo à situação?
2. Como
dar credibilidade a uma instituição arcaica, onde velhas raposas do futebol
movem as peças do jeito que bem entendem?
3. Será
que nunca observaram que isso aconteceu outras vezes e só sujou o futebol
brasileiro e criou atrito em clubes – vide Flamengo-RJ s Sport-PE pelo
campeonato de 1987, Flamengo-RJ e São Paulo na briga pela Taça das Bolinhas?
4. Será
que não percebem que isso vai continuar acontecendo enquanto não se
profissionalizar todos os envolvidos no futebol e informatizar todos os
mecanismos do esporte?
5. Quando
vão sentar e estudar social, jurídico e economicamente o futebol? Até quando
ele vai ser encarado como um esporte apenas de diversão e lucratividade em que,
só ganham, os empresários, presidentes de clubes e dirigentes
mal-intencionados?
Sobre as reações surgidas nos últimos tempos: será que o
Bom Senso Futebol Clube vai seguir firme e forte? Será que não criaram uma
maneira mais efetiva de defender os direitos do torcedor? Sim, porque o
Estatuto dirigido ao público ainda é uma utopia em muitos pontos (quase todos).
Enfim, o Campeonato Brasileiro começou com gosto de
vômito, amargo, indesejável e intragável. Se, ao final, terá gosto doce,
prazeroso, de fazer deliciar (não só o campeão, mas a todos os clubes e
envolvidos), ninguém sabe. Mas muitos podem fazer seguir nesse rumo. O certo é
que, do jeito que está, não pode ficar. Ou vai virar piada de português.
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