Não é possível cogitar a liberdade sem informação. Além disso, só é
livre quem tem conhecimento para fazer suas escolhas. As palavras ditas
pela vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmén Lúcia, abriram
as discussões do workshop “Os Impactos da Legislação Eleitoral Sobre os
Meios de Comunicação”, realizado nesta segunda-feira, 25, pela
Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e pelo Instituto
Palavra Aberta. Com a participação de jornalistas e advogados, o
encontro levantou discussões sobre o papel do jornalista em ano
eleitoral e a ministra foi taxativa: "É impossível fazer eleição sem
imprensa livre".
Cármen Lúcia, que comandou parte do painel, dividiu sua apresentação
em três pontos: a liberdade de expressão, o trabalho do jornalista e as
mudanças nos meios de comunicação. Ela acredita que, atualmente, não se
discute se há liberdade, pois o país vive tempos de transformação. "A
expressão é vasta e cabe ao jornalista repensar como ele cumpre seu
dever de prestar informação".
O profissional de imprensa, de acordo com a vice-presidente do STF,
vive desafio maior do que outras profissões já que, no Brasil, eles não
sabem para quem está escrevedo. "No nosso país, vivemos várias
humanidades. As mesmas informações que chegam para uma pessoa em
Roraima, chegam para um empresário em São Paulo. Só que a realidade
dessas duas fontes não é a mesma, e é obrigação do jornalista prestar
serviço que atenda tanto a dona Joana quanto o executivo paulista",
avaliou.
A ministra contou que ainda é preciso descobrir como o jornalismo
exerce seu papel diante de tantas trasformações, principalmente
tecnológicas. A juíza acredita que o momento requer especialização dos
profissionais. "Estamos vivendo tempo de apendizagem no meio da
transformação. A confiança que precisamos dos profissionais de
jornalismo é muio maior do que antes. O cidadão depende de como chega
essa infomação, pois a notícia, hoje, vem de maneira hemorrágica, aos
montes, e não há tempo de administrar. A imprensa é essencial para que o
cidadão seja livre".
Ministra Cármen Lúcia participou de evento da Aner (Imagem: Nathália Carvalho) |
Ao falar sobre a cobertura jornalística, Caármen Lúcia ressaltou a
importância do rádio, que cumpre "bem a sua função". "Nos lugares que
fui, tanto se escuta rádio no carro, quanto durante o trabalho na
lavoura. O rádio ainda é um veículo que cumpe um enorme papel. É fonte
de informação fidedigna". Questionada sobre a cobertura do poder
Judiciário, ela disse que, no Supremo, "excelentes jornalistas" cuidam
da produção de conteúdo. "Eles ouvem, tentam saber os detalhes dos
assuntos e vão atrás de tudo que é preciso".
Junto de Cármen, participaram do evento o presidente da Aner,
Frederic Kachar; o diretor jurídico da Aner, Lourival Santos; a
presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, e as
jornalistas do Meio e Mensagem e revista Veja, respectivamente, Regina
Augusto e Mariana Barros.
fonte: Portal Comunique-se