domingo, 10 de agosto de 2014

Pediatras querem teste do coraçãozinho para todos os recém-nascidos

Exame simples e de baixo custo ajuda a detectar cardiopatias congênitas críticas

Recentemente incorporado à triagem neonatal do Sistema Único de Saúde pelo Ministério da Saúde, a oximetria de pulso contribui para detectar cardiopatias congênitas precocemente. A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) defende o instrumento para detectar problemas que poderia não se manifestar nos primeiros dias de vida.
A apresentação clínica do recém-nascido com CC pode variar de ausência de sintomas até o colapso cardiovascular.
“Lembrando que como todo teste de triagem, é possível que o exame venha alterado e durante a avaliação cardiológica não se confirme a cardiopatia, ou pode ocorrer o contrário, o teste apresenta-se normal, mas a criança apresenta cardiopatia, o que é mais raro. Claro que o diagnóstico antenatal é melhor, pois o conhecimento prévio permite programar o nascimento em local com serviço cardiológico. Entretanto, indica-se a ecocardiografia fetal apenas nos casos em que a gestante apresenta fator de risco, tais como diabetes ou cardiopatia congênita. Nos casos em que não foi realizado o exame, é importante realizar o teste do coraçãozinho”, destaca dra. Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck, vice-presidente do Departamento de  Neonatologia da SPSP.
Por meio de um oxímetro de pulso, é medida a saturação de oxigênio no membro superior direito e em um dos membros inferiores. O ideal é que a saturação esteja maior do que 95% e a diferença entre os membros superiores e inferiores seja menor do que 3%. Caso venha alterado, o exame deve ser repetido após uma hora. Com resultado persistente, é indicado avaliação cardiológica e ecocardiograma. O bebê não recebe alta até o esclarecimento da alteração e prosseguimento no tratamento.
“O teste identifica a maioria das cardiopatias críticas. Se realizado entre 24 e 48 horas de vida, tem sensibilidade de 80% e especificidade próxima de 100%”, comenta dra. Liane Hulle Catani, vice-presidente do Departamento de Cardiologia da SPSP.
As cardiopatias congênitas, em geral, atingem oito a cada mil nascidos vivos. Os quadros críticos são dois em mil bebês. Em outras triagens, as incidências são: fenilcetonúria (1 a cada 10 mil), anemia falciforme (1,5 a cada 1 mil), hipotireoidismo  e fibrose cística (1 para 2,5 mil). Em termos de prevalência, a oximetria de pulso está justificada.
“Dentre as possíveis cardiopatias congênitas críticas estão interrupção de arco aórtico, alguns tipos de transposições das grandes artérias, atresia da artéria pulmonar e síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, que se não recebem tratamento adequado precocemente, podem levar à morte”, alerta dra. Liane.

Avaliação antenatal
 
O ideal é identificar as cardiopatias congênitas na vida intrauterina. Mães que apresentam fatores de risco como a própria CC e diabetes aumentam as possibilidades de o bebê possuir a mesma patologia de 10 a 14% e de 5 a 30%, respectivamente.
“A indicação de ecocardiograma fetal baseado em grupos de risco não contemplam todos os casos de CC. São indispensáveis outras formas de detecção e para tanto o teste do coraçãozinho em todos os RN após 48 horas de vida é ferramenta valiosa”, explica dra. Lilian.
Ao detectar a cardiopatia congênita no feto, a gestante deve ser encaminhada para um serviço de pré-natal de risco, com atendimento especializado, UTI neonatal e cardiológica para o RN logo após o nascimento. O diagnóstico antenatal, os cuidados neonatais e a abordagem cardiológica precoce desses pacientes melhoram muito a chance de sobrevida, especialmente no grupo de RN portadores de CC crítica.

fonte: Acontece Comunicação e Notícias

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