quinta-feira, 28 de agosto de 2014

“É impossível fazer eleição sem imprensa livre”, diz vice-presidente do STF

Não é possível cogitar a liberdade sem informação. Além disso, só é livre quem tem conhecimento para fazer suas escolhas. As palavras ditas pela vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmén Lúcia, abriram as discussões do workshop “Os Impactos da Legislação Eleitoral Sobre os Meios de Comunicação”, realizado nesta segunda-feira, 25, pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e pelo Instituto Palavra Aberta. Com a participação de jornalistas e advogados, o encontro levantou discussões sobre o papel do jornalista em ano eleitoral e a ministra foi taxativa: "É impossível fazer eleição sem imprensa livre".
Cármen Lúcia, que comandou parte do painel, dividiu sua apresentação em três pontos: a liberdade de expressão, o trabalho do jornalista e as mudanças nos meios de comunicação. Ela acredita que, atualmente, não se discute se há liberdade, pois o país vive tempos de transformação. "A expressão é vasta e cabe ao jornalista repensar como ele cumpre seu dever de prestar informação".
O profissional de imprensa, de acordo com a vice-presidente do STF, vive desafio maior do que outras profissões já que, no Brasil, eles não sabem para quem está escrevedo. "No nosso país, vivemos várias humanidades. As mesmas informações que chegam para uma pessoa em Roraima, chegam para um empresário em São Paulo. Só que a realidade dessas duas fontes não é a mesma, e é obrigação do jornalista prestar serviço que atenda tanto a dona Joana quanto o executivo paulista", avaliou.
A ministra contou que ainda é preciso descobrir como o jornalismo exerce seu papel diante de tantas trasformações, principalmente tecnológicas. A juíza acredita que o momento requer especialização dos profissionais. "Estamos vivendo tempo de apendizagem no meio da transformação. A confiança que precisamos dos profissionais de jornalismo é muio maior do que antes. O cidadão depende de como chega essa infomação, pois a notícia, hoje, vem de maneira hemorrágica, aos montes, e não há tempo de administrar. A imprensa é essencial para que o cidadão seja livre".
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Ministra Cármen Lúcia participou de evento da Aner
(Imagem: Nathália Carvalho)
Ao falar sobre a cobertura jornalística, Caármen Lúcia ressaltou a importância do rádio, que cumpre "bem a sua função". "Nos lugares que fui, tanto se escuta rádio no carro, quanto durante o trabalho na lavoura. O rádio ainda é um veículo que cumpe um enorme papel. É fonte de informação fidedigna". Questionada sobre a cobertura do poder Judiciário, ela disse que, no Supremo, "excelentes jornalistas" cuidam da produção de conteúdo. "Eles ouvem, tentam saber os detalhes dos assuntos e vão atrás de tudo que é preciso".
Junto de Cármen, participaram do evento o presidente da Aner, Frederic Kachar; o diretor jurídico da Aner, Lourival Santos; a presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, e as jornalistas do Meio e Mensagem e revista Veja, respectivamente, Regina Augusto e Mariana Barros.

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