Mortes, torturas e ocultações de corpos ainda estão por ser solucionados; Câmara busca respostas
Em 2013, o corpo de Jango foi recebido com honras em Brasília
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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A Câmara dos Deputados realiza audiência pública nesta terça-feira (1º)
para tentar esclarecer as circunstâncias da prisão, morte e ocultação
de cadáver do ex-deputado Rubens Paiva, morto durante a ditadura militar
(relembre o caso).
A audiência, que deve contar com a presença do general reformado do
Exército José Antônio Nogueira Belham, é apenas uma das tentativas de
resolver os inúmeros mistérios deixados pelo regime militar.
Em novembro do ano passado, o corpo do ex-presidente João Goulart,
deposto pelo golpe de 1964, foi exumado, para tentar solucionar
suspeitas de que ele foi assassinado. Apesar de Jango ter problemas de
saúde, nunca ficaram claros os motivos de sua morte. A família do
ex-presidente ainda aguarda a elucidação do que de fato ocorreu.
A morte de outro ex-presidente à época também deixou suspeitas. Senador
casado durante o regime militar, Juscelino Kubitschek morreu em um
acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, de acordo com a versão
oficial.
Em março deste ano, contudo, a Comissão da Verdade de São Paulo
encaminhou um ofício à presidente Dilma Rousseff para pedir que a
ditadura militar fosse responsabilizada pro sua morte. Segundo o
vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão Municipal da
Verdade de São Paulo, "JK foi vítima de conspiração, complô e atentado
político”.
Anônimos
Menos famoso que os ex-presidentes, o estudante da UnB (Universidade de
Brasília) Honestino Guimarães é outra vítima da ditadura sem fim para a
própria história. Detido no dia 10 de outubro de 1973, no Rio de
Janeiro, Honestino nunca mais foi visto. Apenas 23 anos depois, no dia
12 de março de 1996, sua família receberia uma certidão de óbito, tendo
como data da morte o dia 10 de outubro de 1973, mas sem a causa da
morte.
Como Honestino, dezenas de militantes que lutavam contra a ditadura
sumiram de uma hora para outra, sem justificativa ou com versões
esdrúxulas para a morte. É o caso do jornalista Vladimir Herzog, que,
segundo o governo militar, teria cometido suicídio nas dependências do
II Exército , em São Paulo.
A fotografia que registra sua morte denuncia, contudo, que ele não
tinha como se enforcar daquela forma, já que suas pernas ainda
conseguiam tocar o chão. Em setembro de 2012, após recomendação da
Comissão da Verdade, a Justiça de São Paulo determinou a mudança do
registro de óbito de Herzog, para que a causa da morte do jornalista
fosse alterada de asfixia mecânica para morte por "de lesões e
maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP".
Apesar de a Comissão da Verdade ter avançado na elucidação de detalhes
sobre as causas de mortes como a de Herzog, a dificuldade em obter
informações sobre um período tão obscuro dão a impressão de que algumas
coisas nunca serão descobertas. Boa parte dos responsáveis diretos por
torturas e mortes, por exemplo, talvez nunca sejam conhecidos.
fonte: R7.com
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