sexta-feira, 21 de março de 2014

Como dá um nó no trânsito da cidade

Todo mundo sabe bem que São Luís cresceu desordenada, não houve planejamento, que as construções foram sendo erguidas de qualquer forma e ninguém nunca pensou nas consequências disso. Aliado ao incentivo de aquisição de bens móveis e imóveis, o caos se instalou. Hoje, a capital maranhense tem tantos carros e motos que é possível imaginar que não haja ninguém nela que não tenha um transporte próprio e privado. Mas não é assim...
Muita gente ainda depende do transporte público. Gente que anda se esmagando, se imprensando, se maltratando nos coletivos e até mesmo nos carros-lotação que rodam por esta cidade, que um dia, já teve charme e glamour no vai-e-vem de bondes e do trem de passageiros.
São Luís tem uma frota de ônibus que não atende sequer metade da população da cidade. E se esquecem de contar as milhares de pessoas que vem do interior para cá todos os dias, seja para resolver problemas, fazer consultas, visitar parentes. A linha Vila Nova, por exemplo, mais parece um carro de transporte de carga, que é carregado em ponto e descarregado na outra ponta da viagem. Entre o ponto final do bairro e o Terminal de Integração na Praia Grande, os passageiros passam um sufoco danado. É difícil quando o ônibus, vindo do bairro, já não esteja completamente lotado antes mesmo de chegar ao Anjo da Guarda. E ao saírem do terminal da Praia Grande, as pessoas que conseguem uma vaga no coletivo veem uma enorme fila que ainda persiste no local.
A linha Calhau Litorânea tem situação semelhante. Na verdade, as duas linhas tem um ligação quase umbilical. Muitas das pessoas que chegam ao terminal pela manhã cedo, descem do Vila Nova e sobem no Calhau Litorânea. No final do dia, o caminho inverso. Mas sempre encarando muita confusão e um empurra-empurra desgastante. Tão desgastante que dá nos nervos!
Mas dá para segurar. Hã? O que? Cadê os ônibus? A frota foi reduzida. Sem saber disso, uma mulher desce da sua imagem frágil, começa a protestar e motiva outras pessoas a fazerem o mesmo. A “voz solitária no deserto” atrai outras vozes. As vozes se transformam em gestos; os gestos viram protesto. E a cidade pára. Nada de carros andarem; nada de ônibus - eles mesmos, que geraram a confusão - se locomoverem; gente à pé. Uma cidade inteira parada por quatro horas.
Nesta sexta-feira (que não é treze, mas foi de arrepiar), Suzane se transformou em um personagem que traduz bem a revolta popular contra as autoridades, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Mas o que vai resultar toda essa revolta, todo esse motim? Será que Suzane vai ser uma personagem passageira (não no ônibus, mas no vem e vai do cotidiano) ou será que ela vai ser ouvida de alguma forma e ser aquela que nos fez sentir contemplados no atendimento de necessidades?
E cuidado, Suzane! Não caía na conversa de certas autoridades. Ano político... espero que não queiram se aproveitar de você.

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