quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A queda de Uchôa

Pela manhã, em meio a toda turbulência que sacudia mais uma vez o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, eu iniciava um texto, o qual pretendia publicar aqui, com o título “Até quando Uchôa vai resistir?”. Pois é. não tive tempo de concluir o texto e tampouco de publicá-lo. O delegado de polícia Sebastião Uchôa já não era mais o Secretário de Estado da Justiça e Administração Penitenciária. Ele entregou o cargo, fato que veio a público no final da manhã. Sendo assim, vamos continuar no tema, mas explorar outro gancho. O que teria derrubado Uchôa da SEJAP, quando nem mesmo a governadora Roseana Sarney (PMDB) aceitava isso?
É importante ressaltar que Uchôa ficou um ano e meio a frente da secretaria e tentou, de todas as formas, arrumar a bagunça instalada ali há mais de cinco anos. Ou seja, o que vem acontecendo não é fruto de uma má gestão de Uchôa. Só que fica difícil você ajeitar um emaranhado de confusões e erros cheios de vícios e armações.
Quando foi convidado a assumir a SEJAP, Uchôa estava na Superintendência de Polícia Civil da Capital. Ele tentava articular várias ações que culminariam na elucidação de crimes curiosos (como a morte do jornalista Décio Sá) e na desarticulação de bandos criminosos que agiam no Maranhão, principalmente nos ataques à caixas eletrônicos. Por estar excitado demais com o trabalho que vinha fazendo, Uchôa chegou a dizer NÃO para a governadora. Mas ela, difícil que é de se dobrar, não aceitou a negativa. Dizem até que houve ameaça de rebaixamento. Pressionado, Uchôa aceitou. E foi viver sua desventura nos presídios maranhenses. Ele estava mais preso que qualquer um que tenha domicílio nas unidades prisionais do sistema. Começava um martírio sem sorte.
Uchôa enfrentou rebeliões, destruição de celas e presídios, fugas (várias fugas), diversos assassinatos no sistema prisional (dentro e fora de São Luís), decapitações, disputa entre gangues, denúncias de regalias para presos, comprovações de desvio de conduta de funcionários e diretores das unidades prisionais, brigas com os agentes penitenciários, escândalos infindáveis.
Olhando por alto e profundamente, Uchôa esteve durante todo esse tempo jogado em uma catacumba sanguinária, repleta de cobras e areia movediça. O secretário sucumbiu e saiu em momento em que nem mesmo a insistente governadora poderia segurá-lo no cargo. Volta, agora, o delegado de polícia. E, diga-se de passagem, é onde Uchôa queria ter permanecido. Ele sempre demonstrou competência na sua profissão, agindo com força, determinação e inteligência. O que aconteceu na SEJAP apenas sujou o brilhante currículo dele. Bem que podemos deixar isso de fora.
Na boa, a melhor coisa que poderia ter acontecido era a saída de Uchôa. Inclusive para ele. Ele não merecia passar por todo essa dor de cabeça. E você, Marcos Affonso? Vai durar até quando? Ou o que vai fazer?

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